Há um tempo atrás acreditava-se que o cérebro após atingir a sua maturidade, permanecia inalterado.Era considerado uma estrutura rígida e imutável. Assumia-se que, ao sofrer uma lesão, a disfunção se tornava permanente.
No entanto, os estudos em Neurociências têm mostrado algo diferente. Mesmo com lesões cerebrais graves, o sistema nervoso central (SNC) consegue adaptar-se a mudanças em qualquer idade. Chamamos essa capacidade de adaptação e reorganização de “neuroplasticidade” ou “plasticidade neural”.
O que é a Neuroplasticidade?
A neuroplasticidade é um processo contínuo. Ocorre quando os circuitos cerebrais se adaptam a alterações causadas por lesões, ambiente, ou mudanças sociais e comportamentais. No passado, os cientistas acreditavam que esse processo ocorria apenas durante o desenvolvimento infantil e na adolescência. No entanto, a ciência tem mostrado que o cérebro adulto também consegue adaptar-se e formar novos circuitos nervosos, desde que enfrente novos desafios. Assim, hoje reconhecemos o cérebro humano como um órgão dinâmico e adaptativo, capaz de se reestruturar de acordo com novas exigências ambientais ou limitações causadas por lesões no SNC.
Como ocorre a plasticidade do SNC?
Ainda no período embrionário, começamos a criar caminhos neurais que nos permitem receber, processar e tratar informações do ambiente ao nosso redor. Esses caminhos também nos capacitam a emitir respostas adequadas às condições envolventes.
Ao longo da vida, adquirimos novos conhecimentos e enfrentamos situações desafiadoras. Esses estímulos promovem a criação de novos caminhos neurais ou a reorganização dos já existentes, para que possamos responder – tanto de forma motora quanto cognitiva – às novas exigências.
Quando o SNC sofre uma lesão, alguns desses caminhos podem ser comprometidos. Nessa situação, o cérebro reorganiza os circuitos existentes ou cria novos circuitos, com o objetivo de compensar os danos e recuperar ou melhorar as habilidades afetadas.
Por esse motivo, reconhecemos o cérebro como um órgão dinâmico e moldável, desde que receba os estímulos adequados
Como potencializar a neuroplasticidade?
Quando uma patologia, seja ela genética ou adquirida, afeta o sistema nervoso, é necessário aplicar estímulos apropriados para que o cérebro consiga recrutar novos circuitos neurais em áreas adjacentes. Esses novos circuitos podem assumir as funções perdidas.
Cada indivíduo, conforme suas necessidades, pode precisar de uma intervenção multidisciplinar, com atuação de profissionais das áreas de fisioterapia, terapia ocupacional, terapia da fala, psicologia, entre outras que contribuam para a sua habilitação ou reabilitação. Além dessas terapias convencionais, outras abordagens têm se mostrado eficazes na promoção do desenvolvimento, aprendizagem e intervenção após lesões do SNC, apresentando elevados índices de sucesso.
Entre estas abordagens destacamos:
- o protocolo PediaSuit™/método Therasuit®,
- o método Padovan™,
- o Método Cuevas Medek Exercise® (CME) e
- a Integração Sensorial, mais direcionada para as disfunções de base sensorial.
Por fim, com base nas informações apresentadas, destacamos a importância da intervenção precoce. Apesar de a neuroplasticidade se manifestar ao longo de toda a vida, nos primeiros anos de desenvolvimento o cérebro mostra-se especialmente receptivo, com maior capacidade de processar e reestruturar informações rapidamente.
No caso de lesões adquiridas, quanto mais cedo a intervenção for iniciada, maiores serão as chances de criar novos circuitos e, consequentemente, melhores serão os resultados da reabilitação..
