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Já ouviu falar de Deglutição e Disfagia?

O que é a deglutição?

A deglutição é um sinónimo da ação que, usualmente, é designada por engolir, de forma sucinta consiste na transformação mecânica e química dos alimentos na boca, criando o bolo alimentar que será conduzido até ao estômago. Contudo, esta ação que aparenta ser simples e inata ao ser humano, é bem complexa e dependente da integridade de diversos sistemas do nosso organismo, como osSistemas Nervoso, Digestivo, Esquelético, Muscular, Endócrino eSensorial. Alterações na deglutição podem acarretar complicações clínicas, sociais e emocionais.

Quais as fases da deglutição?

A deglutição pode ser dividida em quatro etapas: as fases antecipatória e oral, como fases voluntárias e, as fases faríngea e esofágica, como fases reflexas. Estas fases ocorrem de forma interdependente de modo a alcançar uma deglutição segura, eficaz e eficiente.

A fase antecipatória antecede a alimentação propriamente dita e, envolve a visão e o olfato, que permitem prever o sabor, o aroma, a temperatura e a consistência do alimento. Nesta etapa dar-se-á também início à produção de saliva e à programação dos movimentos necessários à deglutição.

Na fase oral dá-se a captação do alimento, a sua preparação (através de movimentos como a mastigação) e posteriormente a sua organização e ejeção desde a cavidade oral até à faringe, iniciando-se o reflexo de deglutição.

A fase faríngea inicia-se após a ejeção do bolo alimentar, onde ocorre uma série de movimentos coordenados para o posicionamento das estruturas ósseas e musculares de modo a garantir a proteção das vias aéreas inferiores (pulmões) e, após estar garantida esta proteção o bolo alimentar será encaminhado pelo restante trato digestivo.

A última etapa da deglutição, a fase esofágica dá-se quando o alimento passa da faringe para o esôfago, terminando com o bolo alimentar a ser encaminhado para o estômago.

Que alterações podem ocorrer na deglutição?

Todas as fases da deglutição são dependentes da integridade de diversos sistemas do nosso organismo, pelo que podem ocorrer alterações distintas de acordo com a condição clínica do indivíduo.Estas variações na deglutição são habitualmente classificadas em:deglutição atípica (quando há um comprometimento da função, mas sem alteração estrutural), deglutição adaptada (decorrente de uma alteração estrutural) e por último a disfagia que se classifica como uma dificuldade ou impedimento no ato da deglutição, com prejuízo nutricional e outros riscos clínicos associados.

Quais os riscos da disfagia?

A disfagia pode então acarretar complicações clínicas como a desidratação, desnutrição e aspiração de saliva, secreções e/ou alimentos para o pulmão, que poderão resultar numa pneumonia e, em casos extremos no óbito. Para além deste impacto fisiológico, podem associar-se alterações à forma como se perceciona a refeição, podendo ter consequências emocionais e sociais, como o isolamento, levando à diminuição da qualidade de vida.

Existem diferentes tipos de disfagia?

A disfagia pode ocorrer em todas as faixas etárias, desde o recém-nascido ao idoso, sendo um sintoma de diversas patologias. Tendo em conta a sua etiologia podemos dividir em quatro grupos: as disfagias neurogénicas, mecânicas, psicogénicas e a presbifagia. As disfagias neurogénicas são decorrentes de doenças neurológicas como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Traumatismo cranioencefálico(TCE), Paralisia Cerebral, Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), entre outras. As disfagias mecânicas têm patologias de base como o cancro de cabeça e pescoço e as malformações congénitas. Quanto às disfagias psicogénicas habitualmente observam-se em indivíduos com perturbações de ansiedade, de pânico ou fobias. Por último, a presbifagia decorre do envelhecimento.

Podemos também subdividir a disfagia em orofaríngea e esofágica, que diz respeito à região do trato digestivo onde ocorrem as alterações de deglutição. Na disfagia esofágica, habitualmente existe uma sensação de que o bolo alimentar fica parado na região do peito.As causas mais comuns são a acalásia, o refluxo gastroesofágico, os espasmos ou um estreitamento do esófago. Na disfagia orofaríngea, as sensações mais frequentes são as dificuldades no manuseamento do alimento na cavidade oral, tosse, engasgos, mudança de voz após a deglutição, entre outros sinais. Neste caso as causas são inúmeras, que poderão ir desde doenças neurológicas até malformações congénitas.

Como avaliar e intervir na presença de disfagia?

Para a avaliação e intervenção na área da disfagia é necessária uma equipa multidisciplinar que levará a cabo a avaliação clínica e, se necessário poderá recorrer a exames, dos quais destacamos  a videofluoroscopia. Dependendo das condições clínicas do paciente diversos profissionais poderão fazer parte da equipa multidisciplinar, no entanto, os profissionais que habitualmente constituem esta equipa são os médicos das especialidades de fisiatria, otorrinolaringologia e/ou gastroenterologia, enfermeiro, terapeuta da fala e nutricionista. Esta equipa irá diagnosticar, minimizar as complicações clínicas e, reabilitar a deglutição. Na reabilitação da disfagia será o terapeuta da fala o responsável pela intervenção que, com o apoio dos restantes profissionais, irá avaliar e determinar o plano de intervenção terapêutico, bem como, estabelecer as adaptações à dieta do paciente para garantir a segurança da ingestão por via oral. Na impossibilidade da manter a alimentação por via oral, torna-se necessário o uso de uma via alternativa de alimentação. A escolha dependerá das condições clínicas e do estado geral do indivíduo, tendo a opção da nutrição enteral, que é garantida através de dispositivos como sonda nasogástrica, sonda nasoentérica e ostomias (gastrostomia e enterostomia) e a via parental onde serão oferecidos os nutrientes por via intra-venosa.

Sinais sugestivos de um quadro de Disfagia

  • Dificuldade para mastigar e/ou manter o alimento dentro da boca;
  • Dificuldade em iniciar a deglutição;
  • Dor ao engolir;
  • Sensação de alimento parado na garganta;
  • Alterações na voz após a deglutição;
  • Tosse, engasgo ou falta de ar durante a alimentação;
  • Perda de peso acentuada em um período curto de tempo;
  • Pneumonias de repetição.