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Seletividade alimentar

O que é e como começar a intervir – a função do terapeuta ocupacional

É frequente entre os 2 e os 6 anos de idade haver, por parte das crianças, uma recusa alimentar e uma diminuição da ingestão de determinados alimentos, mas esta situação tende a não persistir no tempo.

A seletividade alimentar é uma disfunção caracterizada pela recusa da ingestão de determinado alimento ou categoria de alimentos, muitas vezes tendo em conta as suas características, nomeadamente a textura dos mesmos. A criança tende a comer sempre os mesmos alimentos, recusa alimentos novos e por vezes verificam-se sintomas como vómitos e outras manifestações emocionais. Quando isto acontece é de todo pertinente uma avaliação por parte de uma equipa multidisciplinar sensibilizada para estes aspetos e com formação nesta área (terapia ocupacional, terapia da fala, psicologia, nutrição, pediatra) para aferir se estamos perante uma seletividade alimentar. Isto porque a seletividade alimentar pode estar relacionada com alguma questão orgânica, sensoriomotora e/ou emocional/comportamental.

Alguns sinais e sintomas que podemos verificar quando estamos perante uma seletividade alimentar

– Comer sempre o mesmo alimento ou grupo de alimentos;

– Evitar grupos inteiros de alimentos (frutas, carne/peixe);

– Comer alimentos com texturas extremas (crocantes versus suaves);

– Comer unicamente alimentos da mesma cor (cores claras como pão, massa, arroz, leite);

– Comer alimentos com temperaturas extremas (frios ou quentes);

– Alterações comportamentais na hora das refeições com birras, náuseas, vómitos;

– Não tolerar cheiros de comidas, podendo mesmo ter ânsias de vómito.

Como começar a intervir

Após uma avaliação cuidada por uma equipa multidisciplinar, a criança deve ser encaminhada para intervenção dependendo dos fatores que estão a condicionar a sua normal alimentação.

Fatores clínicos – alterações a nível digestivo, cardíaco, respiratório, neurológico, nutricional

Fatores sensoriomotores – alterações na reatividade sensorial (hipo ou híper reatividade), funções oro motoras

Fatores emocionais/comportamentais – alterações do desenvolvimento, comportamentais, na interação criança/cuidador, fobias e aversões

Quando estamos perante fatores sensoriais, o terapeuta ocupacional deve sempre respeitar o ritmo da criança e as suas disfunções sensoriais. A confiança no terapeuta é muito importante em todo o processo de intervenção. O envolvimento da família é primordial pois o ambiente familiar e a relação da família /criança /alimentação deve ser o mais tranquila possível.

Os alimentos apresentados inicialmente devem ser aqueles em que criança confia e que come e aos poucos devemos começar a apresentar alimentos novos, mas com características semelhantes quer na textura, cor, cheiro, …. Só mais tarde devem ser apresentados alimentos diferentes.

O terapeuta deve ter bem a noção da relação entre as propriedades dos diferentes alimentos com as capacidades/alterações sensoriomotoras da criança para que a escolha dos alimentos usados na terapia seja o mais adequado.

Comer deve ser divertido!