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Como lidar com as estereotipias

As estereotipias são comportamentos motores com carácter repetitivo, aparentemente impulsivo e sem motivo. São geralmente movimentos ritmados da cabeça, mãos ou do corpo sem uma óbvia função adaptativa.

Estes movimentos involuntários têm uma frequência variável, ou seja, podem ocorrer várias vezes durante o dia ou podem ocorrer apenas durante alguns segundos ou minutos.

Como se manifestam…

Manifestam-se frequentemente em algumas perturbações como por exemplo, na presença de défices cognitivos, em doenças do foro psiquiátrico, nas disfunções sensoriais e até concomitantemente com a toma continua de alguns fármacos. Contudo, podem estar igualmente presentes em casos típicos do neurodesenvolvimento, e nestas situações tendem a ser facilmente descontinuados.

As estereotipias estão também associadas a diferentes estados emocionais, como por exemplo ansiedade, medo, excitação, irritação, carência de estímulos sensoriais e necessidade de autorregulação.

Vamos fazer uma analogia: imagine viver todos os dias a toda a hora dentro de uma discoteca. Consegue imaginar? Seria muito cansativo receber estímulos tão fortes e constantes de luzes, som, contacto físico, calor, etc. O facto de todos os estímulos do ambiente serem muito desafiantes e enfatizados para alguém, faz com que surja a necessidade de encontrar uma fuga como defesa. Esta fuga pode manifestar-se em forma de estereotipias.

Ainda dentro da mesma analogia, temos também os casos em que as estereotipias surgem como uma procura deste excesso de estímulos, ou seja, uma procura pela intensidade equivalente à que vivenciamos dentro de uma discoteca.

Frequentemente resultam em…

Estes comportamentos, em alguns casos, podem condicionar significativamente a participação social e a aprendizagem e muitas vezes compelem à sua restrição. No entanto, na maioria dos casos, ajudam na diminuição da ansiedade, no aumento da concentração e podem ser mesmo um modo de input sensorial.

Por outro lado, para que seja possível dar espaço à aprendizagem de novos comportamentos e consequentemente aumentar a funcionalidade nos diferentes contextos ocupacionais, é necessário permitir o acesso a diferentes oportunidades e a experiências variadas, para que os comportamentos estereotipados comecem a diminuir e passem a ser substituídos, por movimentos funcionais.

Desta forma podemos dizer que o importante para sabermos como lidar com as estereotipias está na descoberta da causa, pois uma estereotipia é apenas um sintoma que a pessoa manifesta perante um desafio.

As estereotipias podem variar entre manifestações motoras – simples ou complexas – e manifestações verbais e podem implicar o uso ou não de objetos. Muitas vezes estas surgem sobre a forma de autoagressão.

Tipos de estereotipias

Motoras

  • Movimentos com o corpo – Balançar a cabeça, balançar o corpo, girar sobre si próprio, saltar, flapping “esvoaçar” das mãos e dos braços
  • Movimentos ritmados das mãos – Lavar, bater, torcer, bater palmas, meter as mãos na boca, movimentar os dedos na frente dos olhos e agitar as mãos acompanhado com movimento do braço
  • Uso de objetos – Girar os objetos, alinhar os objetos
  • Auto-lesivas – Bater com a cabeça, roer as unhas, pressionar os dedos nos olhos, morder a mão ou os lábios, arrancar os cabelos

Verbais

  • Repetição de alguns sons
  • Repetição de frases pertencentes a desenhos animados, filmes e outras que ouve no seu dia-a-dia
  • Responder às perguntas sempre com a mesma resposta
  • Repetir a frase ou palavra que ouviu em último lugar

Tentar extinguir estes comportamentos poderá não abordar o desafio real da pessoa e poderá distanciá-la mais de nós. A confiança e o relacionamento com a pessoa vão ser os seus maiores aliados para a ajudar no seu progresso.